«Dois mundos/e eu venho do outro»

Que memória de Cristina permanece afinal em Gianfranco Draghi, o amigo poeta, agora já não no poeta amigo. Quando pensas na tua companheira de viagem, que já não está entre nós, qual é a primeira veste da sua aparição?
Vejo Cristina num dia preciso, em que não estava bem, quando me contava as suas coisas e vejo-me a mim a escutar, com ternura, simpatia e atenção.
Vejo Cristina com intensidade nesta imagem, nos seus pequenos gestos, ou também quando tentou publicar-me «Infância», sem o conseguir. Recordo tê-la visto na rua com Mario Luzi e Leone Traverso, os três juntos, no outro lado da ponte e de me ter dito que tinha consigo o manuscrito e o levava a Vallecchi...
Recordo tantos destes gestos, que exprimem ao mesmo tempo estima e simpatia, participação. O seu sorriso, o seu sorriso tão verdadeiro, longínquo, no outro lado da ponte.
Entrevista de Arturo Donati, Cristina Campo na memória de Gianfranco Draghi
