«Marsilio Ficino nasceu em Figline, em 19 de Outubro de 1433 e morreu em Careggi, em 1 de Outubro de 1499. Após os estudos de Humanidades, cursa Medicina e Filosofia em Florença. Relacionado com o círculo dos Médicis (seu pai era o médico dessa poderosa família florentina), foi ao jovem humanista que Cosme confiou a orientação da Academia por ele fundada, em 1462, incumbindo-o da tarefa de restaurar e divulgar o pensamento de Platão.
(...) À luz da contemporânea exégese histórico-filosófica, o platonismo dos florentinos não serve de critério para apreciar o autêntico pensamento de Platão. É um platonismo profundamente determinado por preocupações teológicas ou mesmo místicas e marcado por uma feição estética. O que de modo algum põe em causa a sua legitimidade como uma das mais interessantes formas de renascimento da visão platónica do mundo e muito menos pode impedir de reconhecer a sua fecundidade especulativa e o seu papel na preparação do advento da moderna visão da natureza, do cosmos e da ciência, ocorrido (os grandes intervenientes nesse processo - Copérnico, Kelller, Galileu - tinham disso consciência) sob a tutela de Platão. (...)»
Leonel Ribeiro dos Santos, Linguagem, Retórica e Filosofia no Renascimento, Edições Colibri, pp. 250-255