
domingo, 30 de dezembro de 2007
sábado, 29 de dezembro de 2007
Oferece-se:
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Little poppies, do you do no harm ?
Sylvia Plathdomingo, 2 de dezembro de 2007
O Problema da Existência

segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Ne Travaillez Jamais

Poema de um funcionário cansado
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só
António Ramos Rosa
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Lições de Lógica Elementar

segunda-feira, 29 de outubro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
George Steiner Dixit
Diário de Notícias
Notícia da conferência de Steiner em Lisboa na Gulbenkian
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Cello-Suiten

quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Lisboa (2)
Foto de Arnaldo Madureiradomingo, 23 de setembro de 2007
La ricerca delle radici
Primo Levidomingo, 26 de agosto de 2007
Useppe

La Storia de Elsa Morante.
Livro muito belo e muito triste. Romance comprometido, de matriz anarquista, que vê a História como uma sucessão de assassínios e todas as revoluções como embustes.
«La guerra è stata una commedia, a' mà! (...) La Storia, è una commedia loro, che ha da finí.» (442)
Useppe, o menino cuja história é seguida pelo romance, durante os seus seis anos de vida, é uma personagem inesquecível. Pequenino bodisatva, guardião da pureza e verdades do coração humano. Apaixonado pela mãe Ida, pelo irmão Nino, quinze anos mais velho e pela sua cadelinha Bella. Apaixonado por todos.
«Quell' essere minimo e disarmato non conosceva la paura, ma un'unica, spontanea confidenza. Sembrava che per lui non esistessero sconosciuti, ma solo gente sua di famiglia, di ritorno dopo qualche assenza, e che lui riconosceva a prima vista.» (186)
Me lo dài un bacetto?
domingo, 19 de agosto de 2007
Poema
Maria Luisa quante volte
raccoglieremo questa nostra vita
nella pietà di un verso, come i Santi
nel loro palmo le città turrite?
La primavera quante volte
turbinerà i miei grani di tristezza
dentro le piogge, fino alle tue orme
sconsolate - a Saint Cloud, sulla Giudecca?
Non basterà tutto un Natale
a scambiarci le favole più miti:
le tuniche d'ortica, i sette mari,
la danza sulle spade.
«Mirabilmente il tempo si dispiega...»
ricondurrà nel tempo questo minimo
corso, una donna, un àtomo di fuoco:
noi che viviamo senza fine.
Ognissanti' 54
Cristina Campo
sábado, 18 de agosto de 2007
Explicação de Marsilio Ficino
«Marsilio Ficino nasceu em Figline, em 19 de Outubro de 1433 e morreu em Careggi, em 1 de Outubro de 1499. Após os estudos de Humanidades, cursa Medicina e Filosofia em Florença. Relacionado com o círculo dos Médicis (seu pai era o médico dessa poderosa família florentina), foi ao jovem humanista que Cosme confiou a orientação da Academia por ele fundada, em 1462, incumbindo-o da tarefa de restaurar e divulgar o pensamento de Platão.
(...) À luz da contemporânea exégese histórico-filosófica, o platonismo dos florentinos não serve de critério para apreciar o autêntico pensamento de Platão. É um platonismo profundamente determinado por preocupações teológicas ou mesmo místicas e marcado por uma feição estética. O que de modo algum põe em causa a sua legitimidade como uma das mais interessantes formas de renascimento da visão platónica do mundo e muito menos pode impedir de reconhecer a sua fecundidade especulativa e o seu papel na preparação do advento da moderna visão da natureza, do cosmos e da ciência, ocorrido (os grandes intervenientes nesse processo - Copérnico, Kelller, Galileu - tinham disso consciência) sob a tutela de Platão. (...)»
Leonel Ribeiro dos Santos, Linguagem, Retórica e Filosofia no Renascimento, Edições Colibri, pp. 250-255
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
De profundis

Pépée
Quelle che splendono nei porti
Quando l'avere occhi di scorta
Farebbe gola ai marinai
Per osservar la notte altrui
Così come uno scimpanzé
Presso i Ferré
Pépée
Pépée
Che tacciono il venerdì santo
Verso le tre pomeridiane
Quando un Gesù spegne soffiando
Le sue trentatre candeline
E tu ne avevi solo otto
il sette aprile sessantotto
Pépée
sábado, 11 de agosto de 2007
Carta (1)
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem sequer seja isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
para que os liquidasse com «suma piedade e sem efusão de sangue».
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguém está menos vivo ou sofre ou morre
para que um de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã»
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é só nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
JORGE DE SENA
domingo, 5 de agosto de 2007
Infância

quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Lisboa (1)
Caetano Veloso, doutor em Filosofia, um dos maiores escritores brasileiros de canções conta a sua primeira visita a Lisboa nos anos 60.
sábado, 28 de julho de 2007
Inverno
segunda-feira, 23 de julho de 2007
à flor do mar
segunda-feira, 16 de julho de 2007
O amor que move os astros
Sonhei que estava em Florença. Era um sonho tão real que conseguia sentir o calor da atmosfera na pele, o ruído dos autocarros e todos os cheiros da cidade. Tinha levitado: abrira-se uma escada no céu e eu percorria as ruas florentinas como se me bastasse pôr um pé atrás do outro.
Acabara de sair da estação de Santa Maria Novella. Estava já na Piazza dell'Unità. "Amo-te no intenso tráfego/Com toda a poluição no sangue." No comboio uma rapariga italiana tinha-me perguntado a mim, um português, se estávamos a chegar a Florença. "Andiamo a vedere questa Firenze", disse para os amigos.
Vou passar pela catedral de Santa Maria del Fiore, pela Piazza San Giovanni, o fugídio mármore toscano nos meus olhos. Como te conseguiram os homens erguer no ar? Como é possível a Beleza permanecer tanto tempo no mesmo sítio? Entrar no Duomo é como entrar no coração da cidade.
«Chi si introduce nel mio ventre / esce / lavorato dal sapere cristiano e dalla preghiera / di molte, molte generazioni».
Sigo para a Piazza della Repubblica. Vagueio. Orsanmichele. Numa destas ruas Dante viu Beatrice quando ela ainda era menina e não mais deixou de a amar. Ó cidade em que mesmo as ruas fora do centro se chamam Marsilio Ficino.
E que lhe disseste quando a encontraste num jardim de Florença, com um livro de Simone Weil no bolso para lhe ofereceres ? Palavras secretas que talvez a cidade continue a guardar. "Com os seus olhos muito claros voltados para o centro / Do amor, na operação poderosa /Do amor"
Hei-de voltar a casa pela Via dei Cerrettani, entrar na Feltrinelli e sentar-me a ler um bocado.
Nota:
Citações de poemas de Daniel Faria e Mario Luzi
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Pentecostes
domingo, 1 de julho de 2007
Código de Trabalho
Hannah Arendt em A Condição Humana


